No bate papo desta semana conversamos com a profissional Valéria de Siqueira Castro Lopes, professora da Faculdade Cásper Líbero, responsável pela disciplina "Pesquisa de Opinião e de Mercado", que nos mostra como esse instrumento de Relações Públicas está presente na comunicação informal.
Conversando sobre comunicação: É muito difícil em uma primeira pesquisa identificar quanto os funcionários estão alinhados à cultura organizacional?
Valéria Lopes: Não, se essa pesquisa tiver sido bem elaborada, se esse questionário de fato contemplar todos os aspectos de cultura que são relevantes, que precisam ser identificados, você consegue. Imagino que não haja nenhum problema em uma primeira pesquisa a ponto de você falar: " não consegui obter essas informações".
Conversando sobre comunicação: Quais os meios informais de coleta de dados em uma pesquisa de clima organizacional?

Valéria Lopes: Pesquisa tem que ser formal, metodologicamente construída, com procedimentos pré-estabelecidos. O que podemos fazer é uma sondagem, conversar informalmente com as pessoas e com essa sondagem, tirar algumas informações prévias que podem orientar na elaboração do questionário em uma pesquisa quantitativa, sendo aplicada aos demais colaboradores. É possível que se faça uma sondagem, mas não é o mais adequado. Se você não tem informação alguma, o ideal é que você faça primeiro uma qualitativa, que vai ser conduzida obviamente da mesma maneira, conversando, mas de forma mais estruturada, que você tem um projeto por trás, que entra a coleta de dados, então o resultado é mais assertivo.
Conversando sobre comunicação: Como a comunicação informal pode ajudar a melhorar o clima dentro da organização?
Valéria Lopes: A gente sempre associa comunicação informal ao negativo, à rádio peão por exemplo. Mas, acho que a comunicação informal, se for bem trabalhada, pode ajudar o clima na medida em que propicia a aproximação das pessoas, quebra barreiras, traz um ambiente agradável de trabalho. O único problema é quando você tem que trabalhar comunicação informal para outros propósitos que não seja motivação. Se for pensar em disseminação de informação ela já não é tão adequada, nesse caso precisamos de canais formais mais estruturados para isso. Se for no sentido de criar um sentimento de pertencer, no trabalho de motivação, de engajamento dos colaboradores, acredito que a comunicação informal pode ser bastante útil.
Conversando sobre comunicação: Qual o grau de dificuldade para identificar os problemas de uma organização com comunicação interna pouco estruturada?
Valéria Lopes: Acho que não é difícil você identificar o problema de comunicação interna numa empresa. Na verdade, eles são facilmente identificados já no briefing. No primeiro contato com o cliente a gente consegue perceber isso. Aí a pesquisa vai ser obviamente bastante importante, porque ela vai trazer a percepção do funcionário, que é o outro lado desse processo, dessa relação. Não vejo como algo difícil de identificar, a pesquisa consegue trazer essas informações facilmente.
Conversando sobre comunicação: Você acredita que em uma entrevista em profundidade com um líder informal é possível captar mais informações?
Valéria Lopes: Vai depender muito, porque a princípio você pode imaginar que por ser um líder formal, por estar numa linha de comando, ocupar um cargo, ter responsabilidades, ele se sente um pouco constrangido de falar determinadas coisas. Ele representa a organização, tem que zelar por essa representação dele. No entanto, você pode ter um líder informal também muito constrangido em falar determinadas coisas, pois ele pode se sentir ameaçado, por mais que ele tenha a liderança do grupo, pode não querer se expor. Isso é muito relativo, acho que a pesquisa tem que garantir de fato o anonimato. Se tanto um quanto o outro tiver a certeza de que as informações que ele está disponibilizando não vão ser associadas a ele como fonte, se ele não for identificado como a fonte daquelas informações, tanto um quanto o outro tem chance de trazer informações bastante ricas para construir o cenário.
O Conversando sobre comunicação agradece a contribuição dada pela profissional Valéria Lopes para o tema abordado neste post.
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