No bate papo desta semana o Coordenador e Professor do curso de Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero, Luiz Alberto de Farias, nos ajuda a compreender melhor um tipo de comunicação informal: a fofoca no ambiente corporativo.
Conversando sobre Comunicação: Qual o cenário organizacional propício para o surgimento da fofoca?
Luiz Alberto: Ao contrário do que se poderia imaginar, a fofoca não é necessariamente resultante de ambientes, mas de cenários e de pré-disposições. Não é somente em espaços de dúvida, de hesitação que ela surge. Também pode haver em contraposição a uma proposta informativa e dialógica, porque é reflexo de intertextualidades a partir do posicionamento psicológico mal intencionado de algumas pessoas. Assim, qualquer ambiente pode ter a ação da fofoca, que tende a ser minimizada e combatida, ou vice-versa, em organizações nas quais a comunicação clara e transparente possa ser um lenitivo à má fé.
Conversando sobre Comunicação: A fofoca é sempre uma comunicação informal negativa?
Luiz Alberto: O conceito de fofoca é, a priori, negativo, porque se serve da especulação e disseminação de informações com má intenção, seja de desconstrução de cenário, seja para provocar a dúvida. Então, esse elemento, a fofoca, é sempre ruim, diferentemente do boato, que pode ter uma relação de causa e efeito que o explique, mesmo que não o justifique.
Conversando sobre Comunicação: Quais métodos podem ser utilizados para colocar fim a esse tipo de comunicação?
Luiz Alberto: Fofoca se extermina na origem: confrontação do emissor mal intencionado com o próprio objeto disseminado. Deve-se trazer o assunto à tona e esclarecê-lo, estressá-lo, até que perca o potencial de geração de curiosidade e de multiplicação.
Conversando sobre Comunicação: Quando um funcionário é vítima de uma fofoca, como a organização pode ajudá-lo?
Luiz Alberto: Toda organização deve ter claro para si, de forma escrita ou não, um princípio ético, um código de conduta, e isso deve pautar a ação em defesa a uma pessoa que seja vitimada, assim como deve tomar atitudes contra o elemento que tenha gerado o problema. Em alguns casos a ação deve ser até mesmo judicial, de modo a responsabilizar as pessoas que se utilizam da informação como arma destrutiva.
Conversando sobre Comunicação: Você já vivenciou alguma crise organizacional motivada por uma fofoca? Poderia citar, em linhas gerais, um exemplo?
Luiz Alberto: A fofoca pode ser confundida com boatos. Eu, é claro, já estive em muitos ambientes nos quais isso ocorreu. A premissa é que o combate a isso melhor se dá quando o assunto é debatido – mesmo sendo, eventualmente, gerador de desconforto – e esgotado, de molde a não restar possíveis desdobramentos. Hoje, com as mídias sociais à disposição de um sem-número de pessoas o risco e o prejuízo podem ser maiores, mas nem sempre deve-se utilizar o mesmo canal para responder, porque por vezes isso alimenta a disseminação das “interpretações livres” e da ampliação do debate vazio.
Esse bate papo nos ajuda a perceber que a fofoca é na maioria das vezes prejudicial à organização e deve ser combatida assim que se tem consciência de sua disseminação. Para acabar com uma fofoca, a empresa deve se dirigir ao seu público interno e esclarecer os fatos, tirando todas as possíveis dúvidas sobre o assunto. Ignorar uma fofoca acreditando que o tema vai esfriar e o assunto não terá repercussão é um grande erro que pode, eventualmente, levar a grandes crises. Dessa forma, os profissionais de relações públicas devem se atentar aos funcionários e ter a sensibilidade de perceber esse tipo de comunicação informal em seu ambiente corporativo, a fim de manter o clima organizacional sempre o melhor e mais saudável possível.
O Conversando sobre comunicação agradece a contribuição dada pelo profissional Luiz Alberto de Farias para o tema abordado neste post.