quarta-feira, 27 de junho de 2012

A gestão do conhecimento nas organizações

Por Thairine Teixeira

Como visto nos posts anteriores, as redes informais nas organizações constituem estruturas capazes de responder, de maneira eficaz, aos problemas imprevistos, dada sua natureza altamente adaptativa, e também se caracterizam como instrumentos importantes ao enfrentamento dos desafios associados à sociedade da informação que formamos atualmente. 
  
No entanto, independentemente da dinâmica de uma organização, as redes humanas de relacionamento são centrais para a disseminação de informações no ambiente interno. Segundo Tonia Marta Barbosa Macedo: “(...) Estudos sobre decisões gerenciais mostram que, a maioria das informações que um funcionário recebe em seu dia a dia de trabalho, vem do contato humano direto com outras pessoas; o que comprova que este ainda é o meio mais rápido e eficiente de se procurar e acessar informações, superando os problemas comuns de overload e agregando-lhes valor, mediante o compartilhamento dos conteúdos e contextos dos conhecimentos necessários à decisão.”

Esses fatores recebem ainda, um maior reforço quando relacionados com a aproximação de pessoas por meio da internet e das novas tecnologias. No entanto, segundo a mesma autora, para esta relação existem duas vertentes que se complementam: “(...) por um lado, redimensiona a relação face a face pelo peso das variáveis tecnológicas, por outro, confirma a importância das mídias “ricas” de comunicação e, portanto, das relações informais que os sujeitos estabelecem entre si – ainda que, em alguns casos, mediadas por suportes tecnológicos apropriados.”

A utilização dos meios de comunicação de qualquer natureza permite não só o repasse de informações, como também, o compartilhamento de idéias e experiências pessoais, que contribuem e influenciam na tomada de decisão.

De maneira geral, essas relações informais incorporam alguns atributos essenciais, como confiança e credibilidade e são úteis nesse universo organizacional, onde o conhecimento e a expertise estão, muitas vezes, dispersos. As contribuições de cada indivíduo para o aprendizado organizacional ultrapassam barreiras e otimizam processos de inovação nos negócios, quando disseminadas pelos meios mais eficientes e por profissionais igualmente capacitados.

Referência: Tonia Marta Barbosa Macedo - REDES INFORMAIS NAS ORGANIZAÇÕES: A CO-GESTÃO DO CONHECIMENTO

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Bate Papo Informal - Valéria Lopes

Por Jéssica Medeiros

No bate papo desta semana conversamos com a profissional Valéria de Siqueira Castro Lopes, professora da Faculdade Cásper Líbero, responsável pela disciplina "Pesquisa de Opinião e de Mercado", que nos mostra como esse instrumento de Relações Públicas está presente na comunicação informal.

Conversando sobre comunicação: É muito difícil em uma primeira pesquisa identificar quanto os funcionários estão alinhados à cultura organizacional?
Valéria Lopes: Não, se essa pesquisa tiver sido bem elaborada, se esse questionário de fato contemplar todos os aspectos de cultura que são relevantes, que precisam ser identificados, você consegue. Imagino que não haja nenhum problema em uma primeira pesquisa a ponto de você falar: " não consegui obter essas informações".

Conversando sobre comunicação: Quais os meios informais de coleta de dados em uma pesquisa de clima organizacional?

Valéria Lopes: Pesquisa tem que ser formal, metodologicamente construída, com procedimentos pré-estabelecidos. O que podemos fazer é uma sondagem, conversar informalmente com as pessoas e com essa sondagem, tirar algumas informações prévias que podem orientar na elaboração do questionário em uma pesquisa quantitativa, sendo aplicada aos demais colaboradores. É possível que se faça uma sondagem, mas não é o mais adequado. Se você não tem informação alguma, o ideal é que você faça primeiro uma qualitativa, que vai ser conduzida obviamente da mesma maneira, conversando, mas de forma mais estruturada, que você tem um projeto por trás, que entra a coleta de dados, então o resultado é mais assertivo.

Conversando sobre comunicação: Como a comunicação informal pode ajudar a melhorar o clima dentro da organização?
Valéria Lopes: A gente sempre associa comunicação informal ao negativo, à rádio peão por exemplo. Mas, acho que a comunicação informal, se for bem trabalhada, pode ajudar o clima na medida em que propicia a aproximação das pessoas, quebra barreiras, traz um ambiente agradável de trabalho. O único problema é quando você tem que trabalhar comunicação informal para outros propósitos que não seja motivação. Se for pensar em disseminação de informação ela já não é tão adequada, nesse caso precisamos de canais formais mais estruturados para isso. Se for no sentido de criar um sentimento de pertencer, no trabalho de motivação, de engajamento dos colaboradores, acredito que a comunicação informal pode ser bastante útil.

Conversando sobre comunicação: Qual o grau de dificuldade para identificar os problemas de uma organização com comunicação interna pouco estruturada?
Valéria Lopes: Acho que não é difícil você identificar o problema de comunicação interna numa empresa. Na verdade, eles são facilmente identificados já no briefing. No primeiro contato com o cliente a gente consegue perceber isso. Aí a pesquisa vai ser obviamente bastante importante, porque ela vai trazer a percepção do funcionário, que é o outro lado desse processo, dessa relação. Não vejo como algo difícil de identificar, a pesquisa consegue trazer essas informações facilmente.

Conversando sobre comunicação: Você acredita que em uma entrevista em profundidade com um líder informal é possível captar mais informações?
Valéria Lopes: Vai depender muito, porque a princípio você pode imaginar que por ser um líder formal, por estar numa linha de comando, ocupar um cargo, ter responsabilidades, ele se sente um pouco constrangido de falar determinadas coisas. Ele representa a organização, tem que zelar por essa representação dele. No entanto, você pode ter um líder informal também muito constrangido em falar determinadas coisas, pois ele pode se sentir ameaçado, por mais que ele tenha a liderança do grupo, pode não querer se expor. Isso é muito relativo, acho que a pesquisa tem que garantir de fato o anonimato. Se tanto um quanto o outro tiver a certeza de que as informações que ele está disponibilizando não vão ser associadas a ele como fonte, se ele não for identificado como a fonte daquelas informações, tanto um quanto o outro tem chance de trazer informações bastante ricas para construir o cenário.

O Conversando sobre comunicação agradece a contribuição dada pela profissional Valéria Lopes para o tema abordado neste post.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Bate Papo com um líder informal

Por Renata Faila

No bate papo desta semana conversamos com Rafael Freire, que há três anos ocupa o cargo de atendimento sênior da área Digital de uma agência de comunicação. É considerado um líder informal pelos colegas de trabalho e nos conta um pouco de como foi o processo para se tornar um líder e quais são as suas responsabilidades nessa “função extra”.

Man Standing Out From The CrowdConversando sobre Comunicação:
Como você foi eleito líder informal na empresa?
Rafael: Acredito que o tempo de casa na empresa ajudou bastante nisso. Conhecer mais os processos e funcionamento e ser solícito para ajudar os mais novos acaba tornando você uma referência nesse sentido. Tem seu lado bom e também seu lado ruim, já que você é procurado pros mais diversos assuntos, desde coisas estratégicas até para saber quem é o responsável por trocar uma lâmpada. É interessante pra dar uma visão mais ampla, já que você acaba discutindo sobre os mais diversos temas tanto com pessoas que acabaram de entrar e estão com uma mente mais fresca quanto com aqueles mais experientes que tem muita coisa pra ensinar.

Conversando sobre Comunicação: Você gosta dessa função?
Rafael: É uma experiência interessante. Você tem que ter bom senso pra dar conselhos, pensar duas vezes antes de fazer/dizer algumas coisas. Porque estando nessa posição você é exemplo para o bem, mas dependendo dos seus atos, é bem simples se tornar exemplo para o mal também (já vivi os dois lados). Ser líder informal é basicamente um exemplo de confiança, tanto das pessoas que confiam em você quanto da confiança que você tem em você mesmo para exercer esse cargo informal.

Conversando sobre Comunicação: Quais as responsabilidades desse papel?
Rafael: Basicamente é um papel instrutivo e de apoio. Você usa a sua experiência para identificar oportunidades e potencialidades. Às vezes você corre o risco de perder grandes oportunidades e desperdiçar a potencialidade de grandes profissionais por simplesmente não escutar. É um papel interessante, já que você não carrega todas as responsabilidades, logo consegue ter uma visão diferenciada e ampla daquilo que passa despercebido pelo gestor.

Conversando sobre Comunicação: O que não gosta?
Rafael: Muita gente confunde com apenas bater papo. Acha que você está só conversando com as pessoas. Acredito que a percepção sobre o outro e suas expectativas e potencialidade podem ser descobertas nos menores detalhes.

Conversando sobre Comunicação: Consegue representatividade perante a alta direção?
Rafael: Essa é uma das obrigações informais. Você tem a percepção de muita coisa e não pode deixar elas paradas em você. É importante ter cuidado também para não ser um leva e traz, trabalhar apenas com informações concretas e percepções e achados do dia a dia. É uma experiência interessante, mas sem o devido cuidado pode ser mal interpretada.

Nosso entrevistado nos mostra como o líder informal pode auxiliar os colegas e os gestores de forma saudável e harmônica, consciente de seu papel dentro da organização.

O Conversando sobre comunicação agradece a contribuição dada pelo profissional Rafael Freire para o tema abordado neste post.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A comunicação informal na formação da cultura das organizações

Por Luisa Petry

A cultura organizacional é formada pelo conjunto de valores, princípios, crenças, políticas e hábitos adotados por sua empresa. Todos seus colaboradores devem segui-la como norte, como guia de seu trabalho diário. A cultura dominante tem uma visão macro da organização e trata de valores centrais a serem considerados no desenvolvimento de atividades e/ou prestação de serviços. A existência de padrões, modelos e normas, permite a interação de pessoas e é necessária quando há objetivos comuns a serem alcançados.

No entanto, existem também as subculturas, que podem estar relacionadas umas com as outras ou concorrerem entre si no ambiente corporativo. Nestas subculturas, são incluídos valores particulares de um grupo, equipe ou departamento, que não podem fugir à regra dos valores centrais da empresa. A cultura faz parte da essência da organização, é um elemento característico dela. Alterá-la não é tarefa fácil, uma vez que, além das culturas serem geralmente fortes e enraizadas, elas provocam transformações muito profundas no ambiente e nas pessoas. 

A cultura ajuda na resolução de problemas internos, diminuição de conflitos e diferenças, faz o controle da gestão e desenvolve uma imagem positiva da organização. A única desvantagem que uma cultura organizacional pode trazer é impedir, de alguma forma, que a empresa avance, sendo inflexível a mudanças e diversidades que surgirem.

E onde está a comunicação informal nisso tudo? Simples: é por meio das redes informais de comunicação que são expressos os sentimentos do público interno e, por isto, essa rede deve ser considerada como parte da cultura organizacional. A informalidade não é controlada pela administração e tem mais credibilidade perante os colaboradores do que os comunicados formais emitidos pela alta gestão. Ela ajuda as pessoas a ficarem unidas, a desabafarem, a transmitirem preocupações e a preencher vazios no sistema de comunicação formal. Por isso, a comunicação informal pode ser considerada como um processo coletivo de produção de sentidos, que é uma das características de formação da cultura, e não apenas como um sistema de informações a serem ignoradas. 

Para Marchiori, "(...) a cultura se forma através dos grupos e da personalidade da organização. Os grupos se relacionam, desenvolvendo formas de agir e ser, que vão sendo incorporadas por todos. A partir do momento que várias pessoas passam a agir de maneira ‘coletiva’, automaticamente a cultura está enraizada e incorporada".

Este relacionamento se deve, principalmente, pela notoriedade da comunicação informal feita por estes grupos dentro das organizações.